19 de junho de 2009

Para Chico

Menino do Rio.

Homem do mundo.

Palavra certeira.

Tiro no alvo

Do coração das pessoas.


Rita, Beatriz, Joana, Carolina, Geni.

Mulheres, desejos, enredos

Histórias do chorar e do sorrir.


A vida de cada personagem

Refletindo a de cada um de nós.

Miragem?

Milagre?

Alento de não nos sabermos sós.


Retratista do seu tempo.

Cronista do amor

Poeta do samba

Cidadão brasileiro.


Arquiteto de palavras

Engenheiro da emoção.

Francisco Buarque de Holanda

Ou simplesmente Chico Buarque.

Haja muita vida para essa tanta arte.




Pelo seu aniversário.

Paula Chicólotra Mirlla

19.06.2009

17 de junho de 2009

O milmaravilhoso

É como se diz mesmo por aí:
Não há nada de novo sob o sol.
E que bom, quando podemos voltar ao que já existente, permanece eterno.
E melhor ainda, poder voltar ao que já existe trazendo novos olhos.
Quando tive contato com este autor, pelas obrigações escolares, não me senti atraída pela sua leitura...apesar de ser um clássico. Nonada!
Preferi me agarrar ao Leminski desde sempre...
Mas vice versa e vide a vida, como disse o Curitibano.
Pra fora do corrido, do contínuo do incessar... lá estou eu às voltas com o Rosa de novo.
Olhei bem.
"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."
Sem dúvida alguma, Guimarães Rosa teve muito a dizer, e fê-lo com incansável maestria. Mas a palavra só vive quando encotra eco em nossa alma. A escrita só tem valor quando ela deixa de cumprir o destino triste de tinta sobre o papel. Naquele momento da minha vida foi assim.
Mas agora...nesse momento, as palavras de Guimarães não ressoam em mim. Gritam.

(...)
"Mas - de repente - eu temi? A meio, a medo, acordava, e daquele estro estrambótico. O que: aquilo nunca parava, não tinha começo nem fim? Não havia tempo decorrido. E como ajuizado terminar, então? Precisava. E fiz uma força, comigo, para me soltar do encantamento. Não podia, não me conseguia - para fora do corrido, contínuo,  do incessar. Sempre batiam, um ror, novas palmas. Entendi. Cada um de nós se esquecera de seu mesmo, e estávamos transvivendo, sobre-crentes, disto: que era o verdadeiro viver? E era bom demais, bonito - o milmaravilhoso - a  gente voava, num amor, nas palavras: no que se ouvia dos outros e no nosso próprio falar. E como terminar? Então, querendo e não querendo, e não podendo, senti: que - só de um jeito. Só uma maneira de interromper, só a maneira de sair - do fio, do rio, da roda, do representar  sem fim. Cheguei para a frente, falando sempre, para a beira da beirada. Ainda olhei, antes. Tremeluzi. Dei a cambalhota. De propósito, me despenquei. E caí. E, me parece, o mundo se acabou." ( Primeiras Histórias)


"Um chamado João"


"João era fabulista?
fabuloso?
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?

Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas,
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?

Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?

Era um teatro
e todos os artistas
no mesmo papel,
ciranda multívoca?

João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?
Mapa com acidentes
deslizando para fora, falando?
Guardava rios no bolso,
cada qual com a cor de suas águas?
sem misturar, sem conflitar?

E de cada gota redigia nome,
curva, fim,
e no destinado geral
seu fado era saber
para contar sem desnudar
o que não deve ser desnudado
e por isso se veste de véus novos?

Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
e precipites prodígios acudindo
a chamado geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?

Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?

E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?

Tinha parte com... (não sei
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?

Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar."


Carlos Drummond de Andrade - 22/11/1967 - Versiprosa

11 de junho de 2009




Vontade de ficar quietinha....

25 de maio de 2009

No final de semana....



Eles nunca me deixam só.

23 de abril de 2009

Para Jorge



matar um dragão por dia

é como fazer poesia

enfrentar o diabo

da vida

com a lança-palavra

erguida


matar um dragão por dia

é como viver na lua

derrotar o tédio

da morte

com o verbo-espada

afiada


matar um dragão por dia

é respirar ódio e cuspir fogo pelas ventas

para que um dia toda maldade vire fumaça

e nossa presença guerreira seja só a lembrança

de um tempo em que o homem valente era o herói da raça


viva são jorge

viva oxossi

viva bem

e mate o mal.

Tião Martins

São Jorge nasceu na Capadócia no ano de 280. No final do século III, o cristão Jorge trocou a Capadócia, na Turquia, pela Palestina, vindo a ingressar no exército de Diocleciano. Jorge logo se destacou, sendo elevado a conde e depois a tribuno militar. Tudo ia bem, até que as perseguições aos seguidores de Cristo reiniciaram. O rapaz não quis negar sua fé, fazendo com que Diocleciano se sentisse traído. O imperador, então, condenou-o às mais terríveis torturas. E Jorge consegiu vencer a todas elas. Suportando uma dor atrás da outra, o filho da Capadócia suportou as lanças dos soldados, permaneceu firme sob o peso de uma imensa pedra, obteve a cicatrização imediata das navalhadas que recebeu e resistiu ao calor de uma fornalha de cal. A cada vitória sobre as torturas, Jorge ia convertendo mais e mais soldados. O imperador, contrariado, chamou um mago para acabar com a força de Jorge. O santo tomou duas poções e, mesmo assim, manteve-se firme e vivo. O feiticeiro juntou-se à lista dos convertidos, assim como a própria esposa do imperador. Estas duas últimas "traições" levaram Diocleciano a mandar degolar o ex-soldado em 23 de abril de 303. Conta-se ainda que o bravo militar matou um dragão para salvar a filha do rei de Selena e todos os habitantes desta cidade Líbia. Lenda ou realidade, o fato é que São Jorge nos lembra que todos nós temos algum desafio a vencer nesta vida, seja o nosso orgulho, o nosso egoísmo ou mesmo problemas que nos afetam no dia-a-dia. Como ele, devemos permanecer fortes e corajosos, independentes dos desafios que a vida nos traga. Assim, como Jorge, havemos de vencer.

Dia 23 de Abril - Dia de São Jorge.

E assim chegar e partir...



Mande notícias
Do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando...

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero...

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega prá ficar
Tem gente que vai
Prá nunca mais...

Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai, quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir...

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem
Da partida...

A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...



São só dois lados da mesma viagem.
A eterna viagem, a roda vida...
Contínuas estações.
Jamais uma chegada.

22 de abril de 2009

Desafio...

20 de abril de 2009

Tenho fases...




Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda.
Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.
Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil,
Fiquei sem poder chorar, quando caí.

Epigrama N. 8 - Cecília Meireles

Há tempos que estou com Cecília...

13 de abril de 2009

Pétalas que voam




Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles

A cada dia um recomeço.
Que Deus esteja sempre comigo e me ajude a continuar enxergando luzes e flores pelo meu caminho. E que eu possa continuar distribuindo luzes e flores aonde eu passar.
Que o meu desfolhar seja breve, e que, deixando de ser assim, eu continue a melhorar, e principalmente a acreditar...
A mudança, seja ela voluntária ou não, é o movimento natural da vida... que eu consiga encará-las apenas como parte de tudo. E simplesmente deixar ir...
Viver é andar na corda bamba do inesperado.

2 de abril de 2009

Minha paixão por livros....


This Is Where We Live from 4th Estate on Vimeo.


Já pensou uma cidade deles???