5 de outubro de 2007

Basta um instante e você tem amor bastante – Da série meus poemas preferidos.


A primeira vez que o vi fi no livro de Português da oitava série ou primeiro ano, sei lá... amar é um elo, o inseto no meio da página..senhor da noite... depois nas minhas agendas adolescentes, ele sempre lá. Suas palavras nunca me abandonaram e posso dizer, é de longe um dos meus preferidos.... basta um instante e você tem amor bastante. Basta uma linha e você se encontra numa rima.

Paulo Leminski.

Dos vários, dos inúmeros poemas, selecionei alguns, aleatoriamente . Decidi por hoje ser prolixa e olha que falta um bocado, como aquele da capa do meu caderninho de poesias, meu famoso e por enquanto esquecido caderninho de poesias... palavras de outros feitas minhas.
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Abaixo o além

de dia
céu com nuvens
ou céu sem

de noite
não tendo nuvens
estrela
sempre tem

quem me dera
um céu vazio
azul isento
de sentimento.


Viver de noite me fez senhor do
fogo.
A vocês eu deixo o sono.
O sonho, não.
Esse eu mesmo
carrego
Sossega coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos afora

calma calma
logo mais a gente goza
perto do osso
a carne é mais gostosa

4 de outubro de 2007

Não somos uma ilha e outras respostas


Ontem acabei de ler " O caçador de Pipas". Não pretendo fazer resenha, mas para um livro que no início não gostei - no primeiro dos dois dias que levei pra terminar pensei até em deixar de lado - posso dize que além de surpreendida, fui tocadas pela força da mensagem que ele traz nas entrelinhas.
Queria falar de apenas uma idéia que não me saiu da cabeça desde que desliguei a luz do quarto para finalmente dormir: somos bons por que somos naturalmente propensos às virtudes, ou somos bons apenas para expiar o rosário das nossas culpas, reais ou criadas? Quando mais se cria ruim e cheio de defietos, mas a personagem irrefletidamente, sem medir consequências, era capaz de realizar atos com mais humildade, mas sabedoria, mais verdade, mais coragem.
Chegar ao fundo da ausência de virtudes o fez, em sequência, ser mais virtuoso que todos os demais....
Espanta-me perceber que mesmo a noção de bondade, maldade, virtude e defeitos só são preenchidas de significado quando consideradas em razão do outro, daquele com o qual convivo... a medida de bondade, a troca de papéis, a construção e destruição de imagens e ideais... tudo em função do outro, que é nossa medida nosso espelho, nossa perdição e salvação.
Dá o que pensar... e muito.... de fato, não se pode nunca considerar isoladamente alguma situação ou alguém... a conclusão advinda dessa análise sempre será incompleta, menor, com alguém só.

Por você, eu faria isso mil vezes....


Eu calaria as minhas mágoas

Todas as suas faltas


Eu calaria as minhas angústias

As noites mal dormidas

As horas paradas


Eu consentiria em conviver

com o siêncio que grita

E oprime minh'alma.


Por você, eu faria isso mil vezes....