29 de maio de 2008

O que se quer

Queres-me?
Queres desejar?
Queres querer-me?
Desejas-me?
Desejas querer?
Desejas desejar?
Queres que te deseje?
Desejas querer-me?
Queres desejar-me?
Queres que te queira?
Desejas que te queira?

O ser humano possui uma relação muito peculiar com o desejo. Segundo Freud, é ele que impulsiona todas as ações humanas. Nossas pulsões são nossos móveis.

Mas na relação amorosa, em especial na primeira fase dela, é preciso subverter um pouco esse conceito. Durante a conquista, quanto mais se quer, menos se tem. Aparentemente contraditório, mas real. Precisamos do desejo para agir, para buscar algo. Sem o desejo, nada acontece. Mas qual é o elemento primário necessário para que desejemos algo? É preciso não tê-lo.

É o erro comum daqueles calejados pelas dores do coração, que ao encontrar uma pessoa que possa, pelo menos em tese, corresponder às expectativas que se têm em um envolvimento amoroso, se deixam gostosamente levar por essa armadilha: facilitam encontros, esperam contatos, ficam disponíveis aos chamados e reclamos do outro, de forma leve, fácil e constante, pensando que ao agir assim, estão " abrindo as portas ao amor".

Enaganam-se.

Os sentimentos e as pessoas que os possuem são ladinos. O ideal seria buscar-se o que está mais a mão. Obter o necessário dispendendo para isso o menor esforço possível. Na natureza é assim. O girassol se volta para a luz do astro rei, as plantas direcionam suas raízes para onde se encontra a água na terra.

Mas a raça humana, sempre disposta a contrariar as regras naturais da vida, nessa seara não diverge. No embate amoroso, o mais impossível, o mais difícil é sem dúvida o que trará a gloriosa ventura, a máxima satisfação que a experiência amorosa pode propiciar. Que dirão Romeu e Julieta, Desdêmona e Orfeu, Tristão e Isolda.

Infelizmente, as consequências dessa busca sem fim são igualmente grandes. Que o diga os destinos dos casais acima, catalisadores, como toda expressão de arte, do que se passa na vida dos comuns. Quase sempre, o esforço emocional de renunciar aos desejos que se têm em troca de uma postura potencialmente " mais correta" no jogo do amor causa um endurecimento das relações, um estado de alerta, um antever de consequências que diametralmente se opõem ao que é, de verdade, enamorar-se de alguém.

13 de maio de 2008

Atrite-se



Recebi esse texto em uma daquelas mensagens em power point, que na maioria são um saco total. Mas esse, em especial causou um eco em mim, pois acredito sinceramente que as conclusões a que o autor chega estão carrregadas de verdade: Ninguém muda ninguém.....mudamos pelos encontros... desde de que estejamos abertos para sermos impactados pela presença e sentimentos do outro. Isso é tudo. E sem isso, não saberemos ao final, o real significado da vida....
Ninguém muda ninguém;
ninguém muda sozinho;
nós mudamos nos encontros.

Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos
encontros, desde que estejamos abertos e livres
para sermos impactados pela idéia e sentimento do outro.
Você já viu a diferença que há entre as pedras
que estão na nascente de um rio,e as pedras que estão
em sua foz?

As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.
À medida que elas vão sendo carregadas
pelo rio, sofrendo a ação da água
e se atritando com as outras pedras,
ao longo de muitos anos,
elas vão sendo polidas, desbastadas.
Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.

A observação mais importante é constatar
que não existem sentimentos, bons ou ruins,
sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela vida sem se permitir
um relacionamento próximo com o outro,
é não crescer, não evoluir, não se transformar.
É começar e terminar a existência
com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.

Quando olho para trás, vejo que
hoje carrego em meu ser
várias marcas de pessoas extremamente importantes.
Pessoas que, no contato com elas,
me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor,
mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvida, com suas ações e
palavras me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas.
Faz parte...
Reveses momentâneos servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.

Penso que existe algo mais profundo,ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de
excessos.
Os seres de grande valor percebem que ao final da vida,
foram perdendo todos os excessos que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...
Quando finalmente aceitamos que somos pequenos,
ínfimos, dada a compreensão da existência
e importância do outro, e principalmente da grandeza de DEUS,
é que finalmente nos tornamos grandes em valor.
Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tirade excesso para chegar ao seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor...
Pois DEUS fez a cada um de nós com um âmago bem forte
e muito parecido com o diamante bruto,
constituído de muitos elementos, mas essencialmente de AMOR.
DEUS deu a cada um de nós essa capacidade, a de AMAR...
Mas temos que aprender como.
Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir,
através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos
que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.
Por muito tempo em minha vida acreditei
que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido,
ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado
faz parte da construção do aprendizado do amor.
Não compreendia que se aprende a amar
sentindo todos esses sentimentos contraditórios
e...principalmente os superando.

Ora, esses sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...
E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE!
Não existe outra forma de descobrir o AMOR.
E sem ele a VIDA não tem significado.

(Roberto Crema)
– Presidente do
Colégio Internacional dos Terapeutas – UNIPAZ. –

9 de maio de 2008

Espera


do Lat. sperare
v. tr.,
ter esperança em;
supor, ter como provável;
aguardar, dar tempo;aguardar emboscado;
v. int.,
estar à espera;
crer, confiar;
estar na expectativa.


Se esperamos algo, é porque possuímos o desejo de que determinado evento aconteça. Mas a espera em si mesma já carrega algo de maldito. Se esperamos algo é por simplesmente não o temos. Assim, a ausência se faz ainda mais marcante, por que traz consigo o sentimento de crença e foca nossa energia em algo que de fato não existe.
Outra forma de esperar, essa talvez mais branda e menos contundente, é a esperança. Não supomos que se realize o que almejamos, dadas as circunstâncias existentes, mas a despeito disso, (ou apesar disso) carregamos a mesma sensação, a de que o universo sofrerá uma reviravolta repentina e a vida nos traga o elemento ausente.
O problema não é a espera em si. Na verdade, acredito que não há mal nenhum em depositarmos nossa energia num desejo, pois os desejos afinal se realizam – é o que todos dizem.
O problema é quando aliado à espera, vem a preocupação. De novo ela, sempre a tal da ansiedade. Sim, o ministério da saúde adverte. Ansiedade faz mal ao coração e às relação, que alías, costumeiramente, ataca de forma fulminante. Pernas pra que te quero.
Esperazinha ingrata.