23 de abril de 2011

Saber de tudo


Vez ou outra a vida manda algum recado em forma de acontecimento. Um pacote indesejado, quase sempre decepção embrulhada pra presente. De Grego.
Aí, é claro, quer-se devolver, ou negar que a destinação esteja correta."Finge-se" não captar a mensagem que a vida, Deus ou o universo enviou. E, ocupados na tarefa de negar ou entender o que ou por que algo  aconteceu, simplesmente vamos carregando aquilo estrada afora. Naquela que eu vou bem sozinha.
Entender o porquê de tudo que nos afeta de alguma forma é uma condição tentadora. O ego facilmente acredita que poderá esquadrinhar todas as infinitas variáveis das quais podem emanar um determinado resultado. É mais uma decepção para nós, reles mortais. Não habitar o Olimpo e portanto não possuir faculdades extras e sobrenaturais não é nada fácil, afinal. Ao que parece ter o dom da onisciência, uma qualidade obviamente fora da esfera do humanamente possível, é atributo que sempre fazemos questão de esquecer que não possuímos.
Porque eu deveria entender tudo. Eu poderia compreender tudo? Eu posso entender por que algo me foi retirado ou algo que não queria se apresentou, sendo que não foi me dado, ao nascer, o script desta grande peça que estamos encenando?
Se vez por outra recebemos da vida um pacote e não sabemos as razões daquilo, não faz sentido continuá-lo segurando. O mais sensato, embora não o mais fácil, seja simplesmente agradecer, catalogar e guardar o presente, esperando que as cenas dos próximos capítulos tragam desfechos daqueles dignas de uma boa novela das 8, com todo mundo bem feliz no final.

Moça, Olha só, o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê


Los Hermanos

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