30 de novembro de 2008


Bem, começa a contagem regressiva. Daqui a duas semanas estarei no meu primeiro grande show internacional, e logo com a " Rainha do pop". Mais do que coisa de fã ( o que aliás nem me considero, pelo menos em comparação aos acessos de fisson que tenho observado pela tv e internet dos mais afoitos) meu post está intimamente relacionado à consciência que possuo em relação ao papel da Madonna na indústria cultural do mundo desde a decada de 80. Sim, gosto das suas músicas, sim, tenho um show dela em DVD, sim, quero encher meus olhos com um - de fat0 - mega espetáculo, coisa que ainda não experimentei. Estou ansiosa.

Por uns momentos, o fato de passar uns dias na cidade maravilhosa até encobriu o grande motivo pelo qual estarei lá, mas isso fica pra outro dia.


O Zeca Camargo tem um exclente blog na globo.com, e há um tempo ele resolveu escrever sobre a " Madge" rsrssrsrsrs, a propósito dos seus cinquenta anos. Pela propriedade de suas palavras ( o cara manda bem demais!) segue o texto, que quero ter guardado pra mim no meu espaço virual:



" (...) Quando, nesse post, comparei Michael ao grupo peruano Los Saicos, já esperava um certo criticismo - que, aliás, veio logo na seqüência da publicação do tal post.
Mas isso foi há seis meses? Por que, de repente, fãs em estados alterados me cobravam que eu reagisse ao trabalho de Michael Jackson da mesma maneira que eles: considerando-o imune de qualquer crítica? Já estou acostumado com fãs com essa postura, mas a defasagem das “réplicas” que chegavam - a mais recente é de ontem! - me pareceu ligeiramente deslocada. Mas aí me lembrei que o aniversário de Jacko - como ele é às vezes citado - estava chegando: ele faz 50 anos no próximo dia 29!
Aí estava a explicação que, de certa forma, trazia um conforto para minha perplexidade diante da reação tardia de seus fãs. Um detalhe porém continuava a me incomodar: o fato de que boa parte desses fãs que escreviam representar pessoas furiosas por eu ter comparado Michael Jackson à Madonna - o que, inevitavelmente colocou a outra cinqüentona do mês em posição vantajosa…
Mais especificamente, me chamou a atenção, entre gente que me chamou de “desenformado” (sic) - talvez um elogio, se essa neologismo quisesse expressar que eu estava pensando “fora da forma” (ou do quadrado!) - ou que afirmou que eu poderia me expressar “como queira, mais (sic) dizer que dizer que esse álbum thriller não é 100% perfeito aí você (eu) está (estou) errado”, os comentários que me deixaram realmente intrigados foram os que acharam injusto o fato de eu afirmar que “foi só com Madonna que o formato entrou na vida adulta”.
Alguma dúvida quanto a essa afirmação? Ora, enquanto Jackson levava a namorada para assistir filme de terror e comer pipoca, Madonna simulava masturbação no palco ao cantar “Like a virgin” - lembrando, que ela estava vestida de noiva…
Só por isso, os 50 anos de Madonna valem a pena serem mais celebrados que os de Michael Jackson. Afinal, desde os anos 80, é ela que nos ensina a ser adultos ligeiramente perversos - não escravos de nossas fantasias (as sexuais incluídas), mas donos absolutos delas. E se um dia ela precisou ser explícita com relação a isso - vide “Erotica” - cada vez menos ela foi usando o sexo para celebrar a liberdade. E nem por isso deixou de passar sua mensagem.
A liberação que Madonna incita em cada um de nós, a cada novo álbum, tem a ver com espiritualismo, consciência política, simplesmente música, nostalgia, ou pura autenticidade (não preciso ser óbvio e dizer cada música que ela usou para passar essas mensagens, preciso?). Recentemente, inclusive, o próprio tema da idade serve a seus propósitos, como ela insinua no seu mais recente álbum, “Hard candy”.
E é essa Madonna que eu gostaria que todos celebrassem nesses 50 anos: a eterna liberadora; a provocadora “conseqüente”; a dominatrix de araque; a tutora sacana; a iluminada intuitiva; a infinita fonte de inspiração. O pop - e todo o mundo do “showbizz”, na verdade - teria tomado um rumo diferente se ela não tivesse existido. Às vésperas de seus 50 anos, ela está na capa da “New York” não porque ela está apontando para a decadência, mas porque ela revela um novo rosto para as mulheres da sua idade. Esse é seu segredo: saber ser o pivô do assunto da hora, independente da sua oferta musical. Mesmo que seu trabalho mais recente não tenha sequer arranhado a marca de vendas dos anteriores, ninguém deixou de comentá-lo. Centenas de artigos sobre ela foram escritos sem que ela desse uma entrevista - apenas porque esses veículos tinham uma nova desculpa para falar novamente dela (no caso, “Hard candy”). Brilhante!
Há quase 30 anos esse ciclo se repete - e quer motivo melhor que esse para celebrar o aniversário da mulher por trás desse “loop” de fascinação e escárnio?
Eu cá vou acender a minha velinha, colocar “Like a prayer”, “Cherish”, “Hung up”, “Rain”, “Erotic”, “Music”, “Like a virgin”, “Hollywood”, “Into the groove”, “Who’s that girl”, “Holiday”, “Sorry”, “Justify my love” e “Material girl” em alta rotação no meu iPod, apertar o “play” do meu iPod, e cantar “Parabéns a você”. E “você” não é aquela que celebra seus 50 anos, mas você aí, que me lê, e que é fã dela - de Madonna.
A única que, a cada vez que vem com uma música nova nos faz sentir como se tocados pela primeira vez. Você sabe o que eu quero dizer…




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