22 de julho de 2009

Marretada

 

A certa altura de um livro, a mocinha, cansada de ser boa praça – e quase sempre confundida com capacho- resolve mudar a resposta. Ao se deparar com as mais diversas situações, range os dentes, cobra,exige, roda a baiana.
Com a vendedora, com o ex, com o chefe, com o funcionário relaxado.
Na leitura, é uma hora boa.
Na maioria das vezes os livros são escritos de forma que os leitores possam se identificar com os protagonistas. Quase sempre os autores são os maiores fãs de seus próprios personagens.
Há exceções, claro. Na literatura, como na vida, não há regras. Há estilos. E cada um se aproxima ou se afasta do estilo que mais lhe agrada ou repugna. Totalmente normal.
Na ficção pode tudo. Até não sermos politicamente corretos.
Passei tempos imaginando – e me divertindo- com várias situações nas quais sobrepomos o espírito civilizado a determinadas pulsões, mas que na verdade, gostaríamos de fazer bem ao contrário...
Acho que todo mundo quer, vez ou outra, deixar a capa da civilidade encostada em algum banco por aí e sair respondendo às broncas à altura (ou à baixeza) correspondente.
Seria digamos, dar o troco, ao invés da outra face.
Umas maretadas por aí.
Ah, uma vontadezinha dá......
Mas no fundo, acredito que esses rompantes, ou ataques de verdade, ficam bem melhores para a literatura ou para a imaginação, no meu caso, já que não escrevo.
Depois das verdades despejadas, o que sobra? Alma lavada? Acho que não... a tentação é grande, eu sei... mas vamos vivendo e aprendendo na marra a ter fair play...
Não deu? ...não deu. Perdeu o documento?Perdeu.....Não se deu bem na entrevista? Nop.....Levou um fora? Levou.... simples assim. Sem recriminações, julgamentos, considerações, teorias... ah como eu gostaria que fosse sempre assim.
Melhor o fair play do que o vazio de ter soltado todos os cachoros em cima de alguém e isso simplesmente não ser capaz de reverter o que aconteceu de chato na nossa vida...
Por que na verdade, nada é. O que está feito, está feito. O que se viveu, não se apaga – porém se esquece.
Por mais difícil que isso seja, o melhor sempre é respirar fundo, engolir em seco e seguir em frente, por que sempre haverá vida depois disso para se suplantar o vivido...

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