10 de outubro de 2009

Tom e Vinícius



No último final de semana fui ao teatro ver " Tom e Vinícius". Nele, alguns episódios que marcaram a relação da dupla...a formação da bossa nova, da qual os dois, junto com João Gilberto formam a tríade essencial. Mas do que fazerem bossa nova, eles foram a bossa nova.
E com certeza muitos ali como eu, amam a bossa nova. Muitos ali como eu, cantaram todas as músicas...
Eu sempre apreciei Tom, sempre gostei do poeta Vinícius de Moraes.
Mas minha paixão pela bossa e seus personagens ( João, Bôscoli, Nara, Newton Mendonça, Tom e Vinícius...) começou mesmo, bem despretensiosamente, ( como começam todas as paixões) quando li o Chega de Saudade, do Ruy Castro, o qual animadamente recomendei para meu companheiro de assento, um não iniciado. Ao que, rapidamente uma senhora que estava próximo ouviu e indicou-me Noites Tropicais, do Nelson Motta, sugestão prontamente aceita e cuja leitura já iniciei. Coisa de bossa-novistas entusiasmadas.
Por que simplesmente adoro as histórias por trás das músicas, suas origens, sua razão de ser.
Por que toda canção é a resposta, em música, do sentimento, do desejo, qualquer que seja ele, qualquer mesmo, até o evidentemente interesse mundano no vil metal.
E por que sem música, a vida seria um erro. Como já muito bem disse Nietzsche.

E enquanto procurava a imgem do espetáculo, qual não foi a surpresa ao me deparar com a capa do disco em que Tom e Vinícius inauguraram sua parceria musical e por que não dizer a bossa nova, na voz de Eliseth Cardoso " Canção de amor demais". Tom não queria Eliseth para o disco, pois durante os ensaisos que que aconteciam invariavelmente em sua casa, na Rua Nascimento e Silva, 107 , no Leblon,  ela insistia em soltar o vozeirão e Tom tinha que explicar o timbre suave e baixo que seria a marca registrada da  Bossa Nova, mas, para Vinícius,ela seria a única  que poderia cantar esse disco de estréia... acabou vencendo a vontade do poetinha.

Episódio que ele mesmo revisitou, tempos depois, com seu novo parceiro Toquinho, quando Tom já não morava mais no Brasil, em Carta ao Tom 74:

Rua Nascimento Silva,cento e sete
você ensinando pra Elizete
as canções de canção do amor demais
lembra que tempo feliz,ai,que saudade
Ipanema era só felicidade,
era como se o amor doesse em paz
Nossa famosa garota nem sabia
a que ponto a cidade turvaria
esse Rio de amor que se perdeu
Mesmo a tristeza da gente era mais bela
e além disso se via da janela
um cantinho de céu e o Redentor
É,meu amigo,só resta uma certeza
é preciso acabar com essa tristeza
é preciso inventar de novo o amor





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