17 de agosto de 2007


Dizem que a atitude é a mais eficiente forma de ensinar algo; o que fazemos termina por ser mais importante do que o que falamos ou pensamos... engraçado como as coisas se encaixam, basta um pouco de meditação a respeito.... o que fazemos reflete nosso sentimento imediato, é a ação primeira, sem que a mente possa racionalizar , traçar um plano de ação que seja condizente com o que é supostamente correto – não quero entrar no mérito se isso é bom ou não, acredito que os impulsos têm sua função e seu fim, dependendo apenas do contexto... isso é outra conversa.
Mas a atitude, quaisquer que sejam suas origens, fundamento ou conseqüências, é algo intrinsecamente particular. É da pessoa, e dela deve ser a responsabilidade. Há o discurso fácil de colocar a culpa no outro, retirando de si mesmo a obrigação de responder pelos atos e arcar com as suas conseqüências...armadilhas da mente. Não resolve... chega um ponto em que ou a pessoa assume a condição de responsável pela sua própria atuação na vida ou vai ficar eternamente enredado nas coisinhas miúdas que vão atrapalhando, postergando, impedindo o amadurecimento e a conquista da felicidade. Que bom chegar a essa conclusão...
Pode acontecer coisas piores também.... falando de atitudes, pensa-se logo em exemplos... e falando em exemplos, pensa-se de imediato nos heróis, santos, entes cujo maior legado foi unicamente o exemplo...o molde. Mas não só por aproximação se reconhece o exemplo, também por oposição. Seria o negativo da fotografia, o outro lado da moeda... tudo o que não deve ser seguido... o anti-herói. Por essas coincidências da vida, nessas minhas meditações sobre as atitudes, fui dar de cara com um exemplo perfeito e acabado disso que estou falando: Cazuza...inteligentíssimo, culto, viajado, bem-criado, sensível... mas vítima da sua paixão, do seu ímpeto de vida que paradoxalmente o levou à morte. Nas suas músicas percebe-se claramente essa fome essa, necessidade da intensidade total. Nada menos do que tudo... não deixa de ser um exemplo do que se evitar, até onde ir, o lugar ao qual se chega com a falta total de limites... recomendo o filme que narra sua curta passagem pela Terra, mas traz uma baita lição, pelo menos pra mim... tomar a vida até o último gole... viver tanto e tão intensamente até encontrar a morte... será que vale a pena se render aos apelos do desejo sem qualquer refreio? Sem qualquer tentativa de adequação, de mudança? Acredito que não... numa das frases mais felizes que ouvi nos últimos tempos “ Temperamento não é destino”.
Um grande artista, uma perda....
Todo amor que houver nessa vida
(Cazuza)

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
Que ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio pra dar alegria

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