2 de setembro de 2009

Os quereres de cada um.

 


Não Quero Rosas Desde que Haja Rosas
Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.

Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...

(Fernando Pessoa)



Já é a segunda vez que isso acontece. 
Dias atrás questionei a noção, pra mim meio esquisita - porém real- de que somente queremos aquilo que não possuímos ou não podemos possuir. Pra variar, o que me impulsionou foi mais uma vez constatar que, de fato, o que temos à mão não nos interessa mais. Os olhos só brilham mesmo por aquilo que não foi apropriado.
Como criança que chora pelo brinquedo e depois que ganha, gasta com ele no máximo 10 minutos e deixa pra lá.
O que vale não é o prazer da brincadeira, mas tão somente o fato de obter aquele objeto.
Acho errado. 
Erradíssimo, na verdade.
Mas a despeito do meu sentir sobre a realidade, entendo que devo render-me a ela, pois nada do que se poetize, teorize ou conceba supera aquela verdade nua e crua que vemos todos os dias.
A sisudez, a insipidez, a covardia, e etc etc etc. Não quero enfeiar o texto com a vida real.
Há! 
Vida real.

Pois que lá vem Fernando Pessoa falando novamente sobre o mesmo tema que abordei.... sempre ele, sempre.

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